O Fundo Monetário Internacional (FMI) lançou seu relatório semestral World Economic Outlook em abril de 2025, trazendo uma estatística alarmante: a dívida pública global alcançou 93% do PIB mundial, o maior nível já registrado em tempos de paz.

Embora o crescimento global tenha projeção de 3,1% em 2025, o organismo alertou que os riscos aumentam diante do endividamento persistente, taxas de juros elevadas e tensões geopolíticas. (IMF, 2025)

Para o economista e professor Fabio Luis Pereira de Azevedo, esse dado é um divisor de águas:

“Estamos vivendo de antecipar o futuro. Os governos financiam hoje com a promessa de crescimento amanhã, mas a conta já não fecha. O risco é transformar dívida em rotina e comprometer gerações inteiras.”

Os números do endividamento

“A diferença é que países ricos ainda conseguem se financiar barato, porque emitem moedas de reserva. Já emergentes como o Brasil enfrentam juros altos, e cada ponto percentual a mais significa bilhões a menos em políticas sociais”, observa Azevedo.

O peso dos juros

Com o Federal Reserve mantendo a taxa entre 5,25% e 5,5%, o custo da dívida aumentou globalmente. Países que dependem de financiamento externo enfrentam fuga de capitais, e os que tentam expandir gastos sociais encontram limites fiscais.

Azevedo alerta para o risco de um círculo vicioso:

“Quando a dívida cresce, a confiança cai. Quando a confiança cai, os juros sobem. E quando os juros sobem, a dívida aumenta ainda mais. É a espiral da incerteza.”

Consequências globais

  1. Menos espaço para investimento público: governos cortam obras e projetos de inovação para pagar juros.
  2. Maior vulnerabilidade a choques externos: uma crise energética ou alimentar pode rapidamente se tornar crise fiscal.
  3. Risco de instabilidade política: a pressão por austeridade gera tensões sociais, principalmente em países de baixa renda.

Brasil nesse contexto

O Brasil tenta equilibrar contas públicas em meio a crescimento modesto (2% projetado para 2025) e inflação sob controle relativo. Mas, segundo Fabio, o problema é estrutural:

“O Brasil convive com dívida alta sem ter infraestrutura de país rico. Se não formos capazes de transformar gastos em investimento produtivo, continuaremos pagando caro sem retorno social.”

Conclusão

O alerta do FMI em abril de 2025 não é apenas estatístico. É um lembrete de que o modelo global de crescimento alavancado está no limite.

Para Azevedo, a mensagem é clara:

“Não podemos naturalizar a dívida eterna. O mundo precisa de responsabilidade fiscal e inovação produtiva. Caso contrário, a próxima crise não será climática nem tecnológica — será de confiança.”